postado por Defensoria no Timor-Leste
Bem, agora que já se completaram 5 meses e meio em Dili, capital de Timor-Leste, arrisco-me a dar maiores impressões do lugar, embora, ainda com receio de estar sendo precipitado em alguns aspectos.
Em sua distribuição geográfica, Dili é uma cidade não muito diferente de tantas outras, inclusive brasileiras, guardadas as devidas proporções. Tal ressalva se deve ao fato de que na maioria das capitais brasileiras o contato com a população menos favorecida economicamente é detectado nas periferias. Aqui, a situação é vislumbrada em todo local e a todo momento, basta um simples caminhar de 01 quarteirão.
O povo timorense vivencia muitos problemas sociais, baixa escolaridade, baixíssima renda per capita, ausência de infraestrutura básica (água e esgoto), etc.
Estando aqui, chega-se a conclusão de que não poderia ser diferente.
Timor-Leste é considerado o país mais jovem do mundo, com uma democracia recém implementada, após mais de 20 anos de dominação indonésia, e sua autodeterminação como país de deu, de forma efetiva, a partir de 2002, com a promulgação da atual Constituição.
Portanto, é um país em construção, que contava com apoio de programas internacionais, com ingerência da ONU, já que a missão de paz encerrou em dezembro passado, com a saída do pessoal a ela vinculado, inclusive das forças de segurança. Permanecem aqui somente a atuação de agências vinculadas à ONU, dentre elas o PNUD e a UNICEF, e outras internacionais de cooperação (ABC - brasileira, USAID - americana e AUSAID - australiana, por exemplo). Assim, permito-me concluir que vários setores da sociedade e do próprio Estado estão em fase de construção e estruturação.
Mas o mais impactante de tudo isso, é que não obstante as mazelas vivenciadas pela população timorense, nada foi impeditivo de que o povo local seja completamente sorridente e cordial, quase nos fazendo esquecer o quão sofrido foi o período da resistência armada.
Escrito pelo Defensor Público Gaúcho André Castanho Girotto